Abstracts
Resumo
Segundo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nomeadamente o ODS 16, os Estados devem empenhar-se em promover sociedades pacíficas e inclusivas, o que implica garantir a tomada de decisões responsável, inclusiva, participativa e representativa em todos os níveis. Desse modo, surge a necessidade de adotar mecanismos de resolução de conflitos e construção de consenso que possam dar efetividade ao ODS 16, por meio de uma governança eficaz dos problemas ambientais, que privilegiem soluções inclusivas e criativas. Nessa perspectiva, o artigo defende a mediação como ferramenta hábil para promover a paz por meio da cooperação e do diálogo, com suporte em uma metodologia construtiva que gere consenso na tomada de decisões dos diversos atores envolvidos. Essa abordagem se justifica pois, embora exista uma prática jurisdicional e arbitral em matéria ambiental, ela ainda é escassa e limitada. Isso acontece, dentre outros fatores, porque essa prática nem sempre concretiza um processo de paz inclusivo, em que os agentes direta ou indiretamente envolvidos no conflito, ou que sofrem os reflexos deste, possam participar da tomada de decisão e se empoderar de conhecimento quanto à transformação do conflito ambiental. Assim, a mediação se coloca como um mecanismo válido e necessário para o alcance de uma solução que seja adequada ao caso concreto no contexto dos conflitos ambientais.
Palavras chaves:
- Conflitos ambientais,
- Paz ambiental,
- ODS 16,
- Governança,
- Mediação
Résumé
Selon les Objectifs de développement durable (ODD), à savoir l’ODD 16, les États doivent s’engager à promouvoir des sociétés pacifiques et inclusives, ce qui implique de garantir une prise de décision responsable, inclusive, participative et représentative à tous les niveaux. Il est donc nécessaire d’adopter des mécanismes de résolution des conflits et de recherche de consensus susceptibles de rendre l’ODD 16 efficace, grâce à une gouvernance efficace des problèmes environnementaux, favorisant des solutions inclusives et créatives. Dans cette perspective, l’article défend la médiation comme un outil habile pour promouvoir la paix à travers la coopération et le dialogue, soutenu par une méthodologie constructive qui génère un consensus dans la prise de décision par les différents acteurs impliqués. Cette approche est justifiée car, bien qu’il existe des pratiques juridictionnelles et arbitrales en matière d’environnement, elles restent rares et limitées. Cela se produit, entre autres facteurs, parce que cette pratique ne permet pas toujours d’aboutir à un processus de paix inclusif, dans lequel les agents directement ou indirectement impliqués dans le conflit, ou qui en subissent les conséquences, peuvent participer à la prise de décision et s’autonomiser avec des connaissances sur la transformation. de conflits environnementaux. Ainsi, la médiation apparaît comme un mécanisme valable et nécessaire pour parvenir à une solution adaptée au cas spécifique dans le contexte des conflits environnementaux.
Mots-clés :
- Conflits environnementaux,
- Paix environnementale,
- ODD 16,
- Gouvernance,
- La médiation
Download the article in PDF to read it.
Download
Appendices
Referências Bibliográficas
- ARAGÃO, Alexandra. “Anotação ao Artigo 37da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia”, in Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia Comentada (coord. SILVEIRA, Alessandra. CANOTILHO, Mariana.), Almedina, 2013.
- BEURIER, Jean-Pierre. Droit International de L’Environnement. Paris: Pedone, 2010.
- BIERMANN, Frank; PATTBERG, Phillip. Global Environmental Governance Reconsidered. Londres: The MIT Press, 2012.
- BOFF, Leonardo. La sostenibilidad: qué es y qué no es. Cantabria: Sal Terrae, 2013.
- BRAITHWAITE, John. “Building Legitimacy Through Restorative Justice”, in T. Tyler (ed), Legitimacy and Criminal Justice: International Perspective, New York: Russell Sage, 2007, pp. 146-162.
- CASER, Ursula; CEBOLA, Cátia Marques; VASCONCELOS, Lia. “A confidencialidade em mediação ambiental. A sua aplicação ao Projeto MARGov em Portugal”, in La Trama – Revista interdisciplinaria de mediación y resolución de conflictos, Junho, 2014.
- CLARKE, Gay R.; DAVIES, Iyla T. “Mediation - When is it not an Appropriate Dispute Resolution Process?”, in Australian Dispute Resolution Journal, 1992.
- DOUSSA, John Von. “ADR: An Essential Tool for Human Rights | Australian Human Rights Commission”, on-line: https://www.humanrights.gov.au/about/news/speeches/adr-essential-tool-human-rights.
- FISS, Owen. “Against Settlement”, in Yale Law Journal, vol. 93, número 6, maio de 1984.
- GONÇALVES, Alcindo; COSTA, José Augusto Fontoura. Governança Global e Regimes Internacionais. São Paulo: Almedina Brasil, 2011.
- GONÇALVES, Alcindo. Governança Global e o Direito Internacional Público. In: JUBILUT, Liliana Lyra (Coord.). Direito Internacional Atual. Rio de Janeiro: Ellsevier, 2014.
- GONÇALVES, Alcindo; COSTA, José Augusto Fontoura. Governança ambiental global: possibilidades e limites. In: GRAZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental Internacional: Avanços e Retrocessos - 40 Anos de Conferências das Nações Unidas. São Paulo: Atlas, 2015. p. 149-158.
- GOUVEIA, Mariana França. Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 3ª ed., Editora Almedina, Lisboa, 2018.
- JOHNSON, David. W.; JOHNSON, Roger. T. Peace education for consensual peace: the essential role of conflict resolution. Journal of Peace Education. [S.l.], v.3, p. 147-174, 2006.
- JOHNSON, David W.; JOHNSON, Roger. T.; TJOSVOLD, Dean. Effective Cooperation, The Foundation of Sustainable Peace. In: DEUTSCH, Morton; COLEMAN, Peter T. Psychological Components of Sustainable Peace. Nova Iorque: Springer, 2012. p. 15-53.
- KOVICK, David; PLUMB, David. “Engaging Stakeholders in the Niger Delta – May 2009 Update”, on-line: http://cbuilding.org/publication/article/2009/engaging-stakeholders-niger-delta-may-2009-update.
- McGREGOR, Lorna. “Alternative Dispute Resolution and Human Rights: Developing a Rights-Based Approach through the ECHR”, in The European Journal of International Law, Vol. 26 no. 3, Oxford University Press, 2015.
- MILLER, Richard E.; SARATM, Austin. “Grievances, Claims and Disputes: Assessing the Adversary Culture”, in Law & Society Review 15: 537.
- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração de Estocolmo sobre o Ambiente Humano. Declaração de Estocolmo adotada de 5 a 16 de junho de 1972, on-line: http://www.silex.com.br/leis/normas/estocolmo.htm.
- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Transformando nosso mundo: a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável (A/RES/70/1). 2015, on-line: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/.
- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Assembleia Geral. (A/HRC/32/L.18) Declaración sobre el derecho a la paz. Consejo de Derechos Humanos 32º período de sesiones. 2016, on-line: http://ap.ohchr.org/documents/S/HRC/d_res_dec/A_HRC_32_L18.pdf.
- PARKER, Tara. “Human Rights Dispute Resolution: Protecting the ‘Public Interest’”, on-line: https://cfcj-fcjc.org/sites/default/files/docs/hosted/17464-rights_dr.pdf.
- PERRY, Mike. “A comment on ADR and Human-Rights Adjudication”, in Dispute Resolution Journal, Vol. 53, Issue 2: 53, 1998.
- PHILLIPS, F. Peter. “ADR and Human Rights: A Match?”, on-line: https://www.businessconflictmanagement.com/blog/2009/05/adr-and-human-rights-a-match/.
- PIERIK, Roland. Globalization and Global Governance: A Conceptual Analysis. In: HEERE, Wybo. P. (Org.). From Government to Governance: The Growing Impact of Non-State Actors on the International and European Legal System. Cambridge: T.M.C. Asser Press, 2004. pp. 454-462.
- REES, Caroline. “Mediation in Business-Related Human Rights Disputes : Objections , Opportunities and Challenges”, Corporate Social Responsibility Initiative Working Paper No. 56. Cambridge, MA: John F. Kennedy School of Government, Harvard University, 2010.
- RUGGIE, John. Protect, Respect and Remedy: a Framework for Business and Human Rights, (Geneva: United Nations, 7 April 2008), A/HRC/8/5, 20 Sept 2009, on-line: http://www.businesshumanrights.org/SpecialRepPortal/Home/ReportstoUNHumanRightsCouncil/2008.
- RUIZ, José Juste. El régimen internacional para combatir el cambio climático en la encrucijada, In: CARNERO, Rosa Giles (Coord.). Cambio climático, energía y derecho internacional: perspctivas de futuro. Navarra: Aranzadi. 2012. pp. 37-49.
- RUIZ, José Juste; DAUDI, Mireya Castillo. La protección del médio ambiente en ámbito internacional y enlaunión europea. Valência: Tirant lo Blanch, 2014.
- STRUM, Susan; GADLIN, Howard. “Conflict Resolution and Systemic Change”, in Journal of Dispute Resolution 1, 2007.
- ZERK, Jennifer. “Corporate liability for gross human rights abuses. Towards a fairer and more effective system of domestic law remedies”, A report prepared for the Office of the UN High Commissioner for Human Rights, on-line: https://www.ohchr.org/Documents/Issues/Business/DomesticLawRemedies/StudyDomesticeLawRemedies.pdf.